Não posso amar ninguém
porque sou o amor
Murilo Mendes
A gente segue escrevendo textos sobre gostar de alguém, porque sempre tem alguém no mundo gostando de alguém e que vai achar que aquela metáfora – aquelazinha ali, que a gente quebra a cuca pra pensar – encaixa perfeitamente.
A gente quando tá que gosta de alguém acha que tudo encaixa: a música no rádio, a flor desengonçada na esquina, até na lua a gente acha uma mensagem escondida dizendo pra gente que o amor, esse danado, tá ali.
E a gente anda no mundo mais leve, com a felicidade que há em se descobrir capaz de amar. É melhor que fazer o primeiro xixi da balada open bar. Viu? Você tá apaixonado e achou lindo. Péra, vou mandar pra ela: estar com você é melhor que fazer o primeiro xixi da balada open bar. Sabe que mais? Ela vai abrir um sorriso enorme, mostrar para alguém que ela curte, perguntar se você não é a coisa mais fofa desse mundo. Você tem cheiro de café da manhã. Nossa, se alguém me dissesse isso, eu derretia. Juro. Café da manhã é a melhor coisa do mundo.
Porque faz parte mesmo de gostar. O cheiro fica mais, o tempo passa rápido, todos os clichês – todos, mesmo – fazem sentido. Eles só existem porque antes de você alguém ficou assim, meio idiota.
Você acha lindo o jeito que ele olha, que é o jeito que pelo menos umas 100 mil pessoas ao redor do mundo olham. Mas não é ele, não é? Parece que deu um estalo quando você trombou com aquela calça meio larga na rua.
E sabe o que mais incrível? Que eu aposto com você que um dos hobbies de vocês é relembrar como vocês duas se conheceram. Sobre a expectativa que criaram. Sobre como uma pensava que a outra pensava. Sobre vocês acharem que é ‘nossa, jamais ela vai me dar bola’.
Ou ainda, o clássico: ele me odeia, certeza. Nem olha pra minha cara direito. E o que ele fazia era ficar mega tímido quando encontrava com você.
Porque o coração acelera – é clichê, mas é verdade.
A boca seca – é clichê, mas é verdade.
A gente fica monotemático – é clichê, insuportável pros amigos, mas é verdade.
A boa e a má notícia?
É que passa.
A boa e a má notícia?
Vire e mexe, pode voltar. Até pela mesma pessoa.
É só sair caminhando por aí, deixar o cabelo preparado pra um cafuné despretensioso, uma cerveja na hora errada, um bom dia perdido e pronto. Dá-lhe ouvir a mesma música em looping porque a letra foi feita pra vocês….